quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Consciência Negra é marcada por festividades no bairro Praça 14 em Manaus

Foto: Aldrin Pontes - Comunidade do Barranco de São Benedito
Foto: Aldrin Pontes - Comunidade do Barranco de São Benedito
Música, feijoada e muita alegria, marcam nesta quinta-feira, 20, as festividades da Consciência Negra no Estado do Amazonas, bairro Praça 14, zona Centro-Sul de Manaus.  No mês de novembro do ano de 2013, os ex-descendentes de escravos do Barranco de São Benedito, se reuniram com assinaturas e provas e entraram com uma ação no Ministério Público Federal do Amazonas (MPF/AM) que recomendou à Fundação Cultural Palmares que fosse instaurado processo administrativo de certificação da Comunidade do Barranco, para identificação do grupo como remanescente de quilombo urbano.

Quase um ano depois, foi concedido pela Fundação Cultura Palmares, no mês de outubro deste ano,  a certidão de autodefinição de quilombo urbano. Neste caso, se torna o segundo quilombo em área urbana do Brasil.

Com a certidão de autodefinição dos negros como  quilombo urbano, se torna um marco na história do Amazonas, principalmente para os descendentes em grande maioria da família Fonseca e dos Beckmann, que colocarão em prática seus projetos socioculturais, em benefício de todos da Praça 14 de Janeiro e visitantes que queiram conhecer um pouco da história dos negros, ex-escravos e seus descendentes.

São Benedito

Além da luta pelo reconhecimento oficial de quilombos, as comunidades negras do Amazonas tentam manter a tradição cultural da festa de São Benedito, o santo padroeiro dos comunitários. A imagem de São Benedito era cultuada pelos escravos em Alcântara, no Maranhão, e em sua homenagem o “tambor da crioula” era batido, como explica a ex-descendente de escravos e uma das organizadoras da festa, Jamily Souza da Silva.

“A Igreja Católica Nossa Senhora de Fátima, localizada no bairro Praça 14, apoia desde a década de 80, os festejos de São Benedito, isso porque bem antes desse período, era coordenada por capuchinhos, que não aceitavam a entrada do santo na igreja, e, logo depois os padres palotinos passaram a assumir a igreja  e convidaram Tia Lurdinha para que levasse a procissão de São Benedito para assistir a missa no domingo da festa, por este ato de simpatia da direção da igreja, Tia Lurdinha ofertou uma imagem do santo, que ela ganhou de um influente político, que era devoto de São Benedito, Sr. José Lindoso, que foi governador do Amazonas de 1979 à 1982”, conta Silva.

O Decreto n° 4.887, de 20 de Novembro de 2003, dá direitos de autodeclaração, reconhecimento e titulação de terras para os descendentes de escravos no Brasil.

Texto: Joyce Karoline Pontes