segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Inpa pesquisa se floresta amazônica é “pulmão do mundo”

A diminuição dos índices de desmatamento na Amazônia, nos últimos três anos, contribuiu significativamente para que a poluição da atmosfera terrestre também amenizasse, devido à redução dos gases do efeito estufa, segundo relatórios do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Inpa.

Diversas pesquisas sobre questões ambientais vêm sendo desenvolvidas pelo Instituto. Desde o ano de 2004, o órgão ampliou as pesquisas para o interior do Amazonas. O principal objetivo dos pesquisadores é descobrir se as florestas são o "pulmão do mundo".

Segundo o pesquisador do instituto, Dr. Niro Higuchi, o órgão está realizando uma pesquisa específica para descobrir a contribuição da floresta amazônica para o equilíbrio climático do planeta.

O resultado pode ajudar aos cientistas a quantificar em dinheiro a contribuição dada pela natureza ao mundo. Assim, o Brasil poderia receber recursos significativos dos países europeus que apesar do avanço tecnológico continuam com elevados índices de poluição.

- o Inpa monitora uma floresta não perturbada há trinta anos com base em três parcelas permanentes de um hectare cada. Estas três parcelas têm acumulado carbono numa ordem de uma tonelada de carbono por hectare por ano – afirma o pesquisador.

Levantamento
Para ele, o levantamento é difícil ser realizado em todo o Amazonas devido a extensão territorial, quanto mais na Amazônia.

- Desde 2004, o Inpa ampliou este estudo para todo o estado do Amazonas. Atualmente, o INPA conta com quase 1.500 parcelas espalhadas pelo interior do Amazonas - diz.

Para auxiliar no estudo, este ano o Inpa firmou parceria com o governo japonês, através de um projeto aprovado pela JICA (Agência de Cooperação Internacional do Japão). O resultado do levantamento será divulgado em 2013.

- O atual nível de concentração de CO2 na atmosfera, aparentemente, não tem afetado a floresta e nem os humanos. No entanto, os efeitos colaterais, provavelmente, associados com este aumento estão afetando as florestas e a sociedade. Os efeitos colaterais podem ser: as tempestades de 2005, a seca de 2005, El Nino "Modoki" de 2009 etc. As tempestades de 2005 mataram tantas árvores quanto ao desmatamento do mesmo ano - revela.

O pesquisador disse ainda que as árvores dependem do carbono na atmosfera para crescerem. No entanto, esta resposta fica sujeita a vários outros fatores (idade, distribuição espacial, associação botânica, grau de tolerância à sombra etc.). Além disso, há um limite máximo de concentração de CO2 para que a árvore responda positivamente.

- A nossa estimativa é que as raízes das árvores representam 20% do reservatório de carbono de uma floresta - enfatiza.

Niro Higuchi alerta que a sociedade deve evitar fazer queimadas na floresta amazônica e ficar mais atenta aos produtos produzidos a partir das combustões na Amazônia.

- A sociedade poderia ser mais crítica em relação à razão benefício e custo das queimadas. Por exemplo, o desmatamento sozinho na Amazônia contribui com, aproximadamente, 75% das emissões de gases de efeito estufa do Brasil; em contrapartida, a região contribui com menos de 10% do PIB. É justo isto?", finaliza o pesquisador.

Segundo o site Ciência Hoje, a floresta amazônica pode absorver grande quantidade do dióxido de carbono (gás carbônico ou CO2) - um dos principais compostos da poluição atmosférica liberada pelo homem em processos como a queima de combustíveis. Recentemente, observou-se que, quanto maior for a exposição da floresta a esse gás, mais rápido será seu crescimento. Essa é uma das conclusões do estudo feito em colaboração entre cientistas do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) e da Universidade da Califórnia em Irvine (Estados Unidos), publicado na revista Nature em 22 de março.

Joyce Karoline – Manaus (AM)